segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Primeiro encontro




   Enquanto meu corpo insistia em tremer de frio, e minhas mãos a suar, mais o nervosismo me abraçava. Quando menos esperei, o vi abrindo a porta do restaurante e encontrando meu olhar com um sorriso discreto. Nos cumprimentamos e quase agradeci quando perguntou se era melhor sentar na mesa do lado de fora. Conversamos timidamente, deixando escapar algumas gargalhadas e vergonhas, molhando as palavras com suco de laranja. Entre uma pergunta e outra, ele me envolveu em seus braços, beijou meu lábios, me fez ficar na ponta dos pés e roçou sua barba na minha pele. Precisei de alguns segundos para entrar no carro e ir pra casa.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Olha o que você fez




   Neguei meus princípios, tentei ultrapassar meus limites e me forcei a comer uva passas com arroz no Natal com sua família. Pintou a parede do meu quarto, mudou a posição da cama e me guiou até eu me perder. Utilizou a lábia de especialista e consertou minha televisão, mas, quando partiu, deixo-a em preto e branco. Agora, largada no sofá com as frutas podres, abandonei as folhas que te incluíam em um mundo de perdão com pessoas dispostas a não atropelarem nosso relacionamento. 
   Não parei de escrever, não parei de saciar a vontade incontrolável de brincar com as palavras e fantasiar os mais estúpidos planos. Parei de me importar com suas encenações de eu-prometo-que-é-só-uma-fase-e-tudo-ficará-bem. Sim, eu sei que já falei isso antes e até peço desculpas pelos tombos que proporcionei - você bem sabe que a vida dá uns tropeços de vez em sempre.
   Só não esquece de vestir a camisa jogada na cadeira, deixar o telefone do pedreiro - pra ele vir dar uma olhada na parede rachada - e não olhar pra cima - porque eu vou estar te vendo dobrar a esquina. 

domingo, 7 de setembro de 2014

Meu modo de amar




   Desculpe-me quando me banho nos mares das minhas fantasias e te deixo curioso, negando revelar meus segredos. Nunca percebeu que eu planejo bobagens ao seu lado? Não te preocupas, porque meus maiores segredos te contarei ao lado do tempo.
   Você diz que não te dou valor, mas, meu bem, você não entende que quando, mesmo estando certa, eu te peço perdão, só para a gente não discutir? 
   Quando nego seu convite para ir jantar e ofereço a minha cozinha, não é porque tenho vergonha de você e não quero que as pessoas nos vejam juntos, como você insiste dizer. É pedir demais querer um lugar só nosso, com a nossa comida e as nossas risadas como companhia? 
   Perdoe-me quando me calo depois dos teus desabafos misturados com os teus soluços. Você mesmo recita aquela famosa frase de Leonardo da Vinci, as mais lindas palavras de amor são ditas no silêncio de um olhar, e eu a carrego sempre comigo, oferendo meu colo e minha mão no teu cabelo.
   Lembro-me bem do dia em que você cuspiu as mais sinceras palavras, alegando meu egoísmo o culpado dos nossos desentendimentos. Eu congelei, absorvi tudo e te dei razão. Não foi por insegura e, tão pouco, medo do que os outros vão pensar. O meu modo de amar não condiz com o tempo e o espaço em que vivo.

terça-feira, 24 de junho de 2014

Libertando-me




   Lembro-me bem quando suas mãos tocaram meu rosto, delicadamente, e, minutos depois, você consumia meus segredos, discretamente, protegendo-me de qualquer mal presente ali. O problema, querido, é que eu não conseguia sentir o mesmo - e aquilo realmente me envergonhava. 
   Não neguei e não me arrependo. Conheci teu mundo, compartilhamos nossos sonhos - que nós até, boa parte, realizamos juntos - e inventamos nossas próprias certezas. Te levei aos meus lugares preferidos, fizemos, no meio da bagunça das nossas vidas, os jantares de sexta à noite, sempre dançando e rindo. Eu realmente sinto falta disso.
   Agradeço o ombro compartilhado, os sorrisos arrancados, a brutalidade das suas palavras, quando eu merecia, e o doce som da sua voz para me acalmar. Mas você me deixou partir, meu bem. 
   Você sabia de tudo, continuou, mas desistiu logo depois.Tenho medos, que me envergonho, e precisa ser paciente comigo. Você sempre disse que é um defeito - o meu maior, por sinal -, porque eu não me arrisco. Mas eu sinto muito, é mais forte do que eu imaginava.
   Eu não queria ir, mas você disse que estava me libertando - mal sabia que quem estava sendo libertado era você.

domingo, 1 de junho de 2014

Passou o dia




   Fui deitando no peito quente, aos poucos, ouvindo sua respiração pesada, vendo, do canto dos meus olhos, seu olhar fixo, analisando meus passos. Controlei a sede de beijar teus sonhos, levar-te aos meus segredos e mostrar-te meus planos de vida. Eu queria gravar cada segundo, indo com calma, observando os traços do teu corpo, admirando teu sorriso e escutando a musicalidade da tua voz. Ignorei suas mãos desenhando minhas costelas, o calor das tuas pernas sobre as minhas e os lençóis sobre nós.
   Nós não precisávamos falar pra conversar. Por todo esse tempo, eu, finalmente, consegui viver o presente, sem pensar no passado ou planejar o futuro. Nossa sincronia, tanto corpórea quanto emocional, era incrível. 
   Eu não sei quanto tempo ficamos assim. Só lembro de ter acordado no domingo, depois das doze. 
   



A espera o levou pra longe
De quem nunca esteve por perto
E para mais perto de quem sempre longe
Apenas o queria por perto...

sábado, 10 de maio de 2014

De novo




   Em nenhum dos meus passos, desejei o pesado, o gelado. Ironia do destino, caminhei em ruas escuras e banhadas de chuva, fugindo de lembranças desagradáveis, mas que chegavam aos poucos, me entrelaçando na cidade amarela. 
   Tive pesadelos longos, sem sentido. Não imaginei reviver tudo novamente, só por mera distração. Tão pouco, imaginei deixar-me abater - eu já deveria estar acostumada. Porque sussurros, calafrios e simplicidade são combinações perigosas, eu já sabia disso, mas corri o risco. 
   Na meia-noite, prometi - de novo - a mim mesma que, nas profundas tempestades, eu não iria me afogar, nem debruçar-me sobre o chão frio e ficar perguntando, ao vento, o porquê de não fazê-lo quente. O café acabou e meu limite de esperar, em uma cadeira desconfortável e um céu cinza, foi estourado. 

quinta-feira, 24 de abril de 2014

Fantasia




   Bares de solidão, tomei doses dobradas. 
   Praia sem sol, fui na madrugada.
   Cinema sem amor, mas ilusão nem sempre é acompanhada de dor.

   Procurei nos lugares calmos,
   um sentido pra vida.
   Nem imaginei um dia,
   ser vítima da fantasia.

   Fantasia comum da sociedade,
   que esconde a verdade
   e cria a angústia
   (que a gente nem sabe o que faz com ela).

   A gente fica rondando a cidade, que à noite é amarela, atrás de uma razão, sem saber ao certo qual seria. Pula o muro rachado, anda mais rápido e, no fim, às vezes até tarde demais, aprende que nunca deveria ter saído do lugar. 

quarta-feira, 2 de abril de 2014

Razões para acreditar

   Em meio aos noticiários catastróficos, pessimismo, tristeza e insegurança, eu procuro o lado bom da coisa, até nos mínimos detalhes - e isso acaba sendo um defeito, eu acho. No final das contas, ou eu aprendo com os erros - procurando nunca repeti-los - ou perco as esperanças sobre tal situação - na pior das hipóteses. 
   Quando o dia desbota, procuro não envolver muitas pessoas nos meus problemas - na maioria das vezes, sem sucesso - e acabo descontando nos blocos de papeis. Outras vezes, eu entro no Razões para Acreditar ou no Hypeness e fico navegando, com as emoções a flor da pele. Assim, esqueço, mesmo que temporariamente, os problemas e viajo imaginando um mundo melhor.
   Mas antes de imaginar, por que não mudar? Não adianta exigir "um novo mundo" se os próprios moradores não mudam. 

   
   Seja generoso.

   É difícil ser educado todos os dias, vamos admitir. Mas tentar nunca é demais, né? Um rapaz se veste de garçom e serve os moradores de rua, como se fossem clientes de um restaurante, com gentileza e simpatia. Reparem como a maioria fica surpresa e feliz com tal ação. 




   Faça a diferença.

   Um garotinho, muito engraçado, fez um vídeo selecionando "20 coisas que deveríamos falar mais vezes". Seu carisma revela que tais pontos são fundamentais para uma vida melhor. Vale a pena dá uma olhada. :)




   Ame.

   Apesar deste ponto ser "ame", selecionei um vídeo, que eu particularmente adoro, que demonstra um misto de vergonha e sensualidade - pontos principais existentes em um amor. Nele, completos estranhos terão que se beijar para uma propaganda. É realmente lindo. 



   Acredite!

   Pra finalizar, eu gosto dessa: um casal tirou a mesma foto em diferentes épocas do ano. A última é de emocionar. 

  

sábado, 22 de março de 2014

5 maneiras de começar o dia bem

   O que fazer quando tudo está fora do lugar? A vontade de mandar tudo à merda e sair sem rumo é grande, mas, muitas vezes, não é possível - afinal, é um dia da semana em que o trabalho te chama e os deveres também. 
   Sempre fui muito paciente - e tem gente que ainda discorda - e tenho meus métodos para começar, ou terminar, o dia bem. Claro, só ocorre quando estou realmente decidida a ter um bom dia, caso contrário, fico com a cara fechada e chata pra caramba. 

   1. Comece o dia ouvindo uma música que te faça bem.

   Música do cantor Wado, com a participação especial de Cícero - que, na minha opinião, ele é um dos artistas que salva a música brasileira -, é ideal para levantar da cama com um sorriso bobo. Pode até ter um efeito diferente em você, mas quando escuto-a, é difícil ter um dia ruim.



   2. Escrava o que te incomoda e o que te deixa feliz.
   
   Tão bom desabafar, né? Eu sempre faço isso nos rascunhos que deixo abandonados pelo quarto - é até engraçado depois. Assim, eu compro - sério, tenho vários, fico louca quando vejo -, blocos de papel, só pra jogar na bolsa e rabiscar quando o tédio me abraça.





   3. Relembre das noites com os amigos.

   Eu tenho os melhores amigos do mundo - e você também! História é o que não falta, principalmente quando se trata de amigos de infância. O tempo que estamos juntos, parece voar e quando estamos distantes, resolve parar. Mas mesmo assim, as lembranças e as fotografias nos revelam a nossa melhor escolha. 

   

   4. Leia.

   Sim, leia. Na minha barra de favoritos, são inúmeros os sites, só de crônicas e poemas, que eu reservo para noite. Entenda Os Homens - que, por sinal, eu não canso de citar - e Sangue e Solidão são os principais. Os assuntos são diversos e os textos são lindos.



   5. Faça o dia ser bom.

   Como? Não se importe com os olhares tortos e nem com as críticas que são mal intencionadas. Diga, para alguém que se importa, que é especial pra você, dê uma olhada na lua, deixa a janela aberta e vá dormir depois de um bom banho quente. Clarice Lispector disse "renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento. :)




Todas as fotos acima são de minha autoria. 

quinta-feira, 20 de março de 2014

Pequena vida




   Lara tinha cabelos longos, quase loiros, que a protegia dos olhares alheios. Usava blusas de cores escuras, normalmente regatas, porque gostava do contraste do preto com sua pele branca. Falava pouco, evitava palavras que pudessem, sem qualquer pretensão, machucar alguém. Tinha os olhos negros, sempre voltados para o chão, dificilmente encarando outros olhares. 
   Sonhava em ir ao circo e abraçar o braço do moreno - que também morava em seus sonhos - quando avistasse um palhaço, em ir ao trabalho depois de um banho de chuva - sem o chefe se importar com o traje todo molhado -, ir à serra no meio da semana ou pular a Ponte Metálica e ser banhada pelas ondas do mar.
   Criava melodias, escrevia poesia e guardava para si. Não saia muito, gostava de supermercados e era apaixonada por lojas de conveniências. A varanda do prédio era tomada por flores e a decoração da sua casa era totalmente improvisada. Trabalhava muito, saia com as amigas às sexta-feiras e riam até de madrugada. 
   Lara sonhava pequeno. Sempre dizia "nos menores sonhos, grandes felicidades". Lara teve uma vida pequena, simples e feliz - só por conta do modo de pensar. 

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Clichê




   Divide tua cama de solteiro, afaga meu cabelo, aperta minha cintura e me beija na nuca. Liga para me lembrar de colocar mais café, diz que pensa em mim quando escuta Mallu Magalhães e me fala do que tu tem fé. Assiste filmes de terror comigo, lembra de comprar pão, me chama para conhecer teus amigos, briga por causa de ciúme, liga para pedir desculpa, se suja com sorvete e depois ri comigo.
   Diz que ama o molho que eu coloco no macarrão e me fala o que tu tem paixão. Adoro quando tu gosta das minhas rimas, quando faz chover meu coração, quando me ajuda a procurar os óculos. É só emoção. 
   Quando tenho minhas crises de identidade, você tá comendo pipoca e fazendo piada. A gente fica até de manhã jogando na sua tela plana e falando da Dona Joana. E até quando tu me levas de bicicleta para casa, eu me sinto segura, como se tu já fosse tamanha cura.
   Nossa, é clichê demais, né? Mas ainda descubra que romance não é.

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Querida solidão





   Diante de tanta dor, procuro um coração. Sim, na solidão. Cansei de levar uns tombos da vida e solto, sem medo, um não. Em meio aos risos e cochichos, ando delicadamente para não chamar atenção. Às vezes, desobedeço, peco e aprendo a lição. Mas, pouca gente sabe, que eu só queria uma declaração.
   No meio da noite, até bate um pouco de frustração, mas eu só trato como uma distração - é, da mesma forma que já fui, inúmeras vezes, tratada.  
   É, parece egoísmo, mas tem compaixão. Eu só peço que dê tudo certo, antes de dormir, na minha oração. Pode até ser exagero, mas é só admiração. E assim eu termino, o meu texto sem graça, mas com muita vibração. 

   

   

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Mistura




   Os dedos que deslizam nas notas do piano, não eram os mesmos que acariciavam os cabelos depois de uma taça de vinho na janela, em pleno sábado à noite. Por que chorava? Por que me contava? Eu até levantaria os motivos, que qualquer um tem, mas é difícil associá-lo como "qualquer um".
   Eu não diria vergonha ou egoísmo. Eu não diria nada, na verdade, prefiro nem chutar, resolvi parar de decodificá-lo nos momentos em que ele me encarava. Deixava bem claro que aquilo, de certa forma, o incomodava - com todo direito, já que eu estava tentando penetrar na sua mente e revelar seus segredos, sem mais nem menos.
   Não pedi desculpa, deixei que ele imaginasse tais palavras saírem da minha boca e, como sempre, ele ignorá-las. Não que ele me ignorasse, mas só o que eu falava - acredite, é completamente diferente. Era até bom, porque eu sabia a hora de parar, sabia quando extrapolava e dizia a si mesma: cala a maldita boca.
   Quando a gente gosta de alguém, sabe quando é correspondido - se não sabe, acredite, não gosta realmente dela. Sem essa de "preciso ter certeza", não estraga. É, fica sentada no canto da sala, deixa ele tocar o piano com os cabelos desajeitados e a barba por fazer. 
   Sábado à noite, sempre. Não namorávamos, não éramos amigos. Era uma mistura - sim, eu rotulei e realmente espero que ele nunca saiba -, não uma "amizade colorida", mas mistura mesmo. Digamos que seja como um sorvete de napolitano: três complementos juntos, que podem ser separados, mas seria um pouco difícil - eu, ele e o piano. 
   Depois de tanto tempo calada, enquanto ele chorava, eu conclui: fim. Estava claro e, ao mesmo tempo, implícito. Aos olhos alheios, nunca fez sentido. Aos nossos, porém, sempre fez. Quando o fim chega, o começo destrói e acaba sendo amigo. Mas, droga, éramos uma mistura! 
    O fim nunca ocorreu verdadeiramente, porque nunca fez sentido. Nunca fará sentido. 

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Gosto dele



   Eu realmente gosto dele. Gosto quando ele esquece o casaco aqui e vem pegar no meio da tarde, quando estamos andando de mãos dadas e até quando ele rouba uma rosa de um muro qualquer. Gosto quando ele pega em meus cabelos e coloca-os de trás da orelha, quando ele lê Um homem visto por uma mulher e lembra de mim. Até de passar as mãos no seus cabelos negros enquanto está deitado nas minhas pernas, eu gosto. 
   Gosto quando ele olha minha caixa do correio, quando ele lembra de trazer o jornal de manhã cedo e fica deitado comigo no fim da tarde discutindo música - sempre com uma opinião formada de tudo. 
   Gosto quando ele deixa a barba crescer - por favor, deixe, eu não me incomodo -, quando ele coloca seu braço em minha volta e até quando me leva um livro no final do expediente do trabalho, só porque disse que eu iria gostar. E gosto não por ele me agradar, mas por conseguir fazer isso sem qualquer esforço. 

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Gosto dela





   Eu realmente gosto dela. Gosto quando ela pega em minha nuca e entrelaça meus cabelos em seus dedos enquanto me beija, quando ela pede para desligar o ar e abrir a janela do carro, só para os seus cabelos dançarem com o vento. 
   Gosto quando ela me olha nos olhos enquanto fala e me escuta - eu não consigo, fico com vergonha -, quando morde seus lábios por pura mania, quando recita Carlos Drummond nos meus ouvidos e quando ela canta - mesmo que baixinho - aquele trecho dos Los Hermanos que nos identifica. 
   Gosto quando ela encosta a cabeça no meu peito enquanto assistimos um filme, quando ela morde meus lábios sorrindo e quando ela ri das minhas piadas - por mais toscas que sejam. Mas não por eu querer ser engraçado e sim, por gostar de escutar o som da sua risada - que eu costumo chamar de música. 

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Ano novo, vida velha




   Não espere que o ano mude, você que tem que mudar. 

   
   À tarde, quando estou deitada na cama, com os pés para o alto, o cabelo bagunçado e os olhos no teto, imagino sonhos realizados ou o passado mal contado. Uns detalhes que fazem diferença, como uma piada com os amigos, uma noite sozinha ou até mesmo um café frio. Até mesmo aquela paquera rápida na cafeteria ou aquele sorriso roubado depois de uma gracinha qualquer de um desconhecido. 
   Detalhes tão simples que, ao invés de serem desprezíveis, dão um pouco de esperança. Como se a sociedade julgasse atos horrendos e completamente normais, mas que numa simples tarde, e de poucos minutos, fosse comum encontrar tamanha diferença.
   É relativo demais, questão até de interpretação. O ato de abrir a porta do carro para a namorada ou até levar a bolsa dela é interpretado - acredite ou não - como machismo (a moça é incapaz de abrir a porta do carro ou levar suas próprias coisas). Desculpe-me se você concorda com tal afirmação, mas essa é minha opinião: estúpido. 
   Questão de visão também. Selecionei tais exemplos por serem quase desprezíveis, porque quis fugir de assuntos polêmicos demais (como aborto, legalização da maconha e etc). Como falei: relativo demais.
   Parece besteira, mas é o te define. Se quiser viver os mesmos problemas, as mesmas discussões e generalizar sempre os mesmos assuntos, vá em frente. Mas não espere que, só porque é ano novo, a vida será nova. Claro, tem exceções, milagres... Só não espere REALMENTE acontecer. Ah!, e também tem a história de, se realmente acontecer, você estragar tudo (seja qualquer motivo), mas isso já é assunto para uma outra postagem...