quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Temporal

  

   Uma estrela sorrindo para ela. Uma cratera na lua esperando por ela. Um vazio no céu fingindo estar nela. E dentro dela, começava um temporal.
   A estrela baixou o sorriso, virou-se e escondeu-se. Deixou de brilhar.
   A lua fingiu que não viu, olhou de lado e parou de esperar.
   O vazio cuidou logo de preencher-se e livrar-se dela.
   E o temporal só piorava. Ventava e ventava. Arrastava tudo que havia nela. Jogava as coisas de lado, fazia um embrulho formar-se no estômago.
   Ela sentiu suas pernas mais pesadas, quase sem suportar seu peso, suas mãos trêmulas, suas respiração ofegante, seu coração desejando sair pela boca e seus olhos ardendo, cuspindo lágrimas.
   Criou forças e entrou em casa. O temporal ainda continuava - dentro dela -, mas ela colocava um sorriso no rosto e fingia estar tudo bem. Assim se repetia os dias, meses e anos.