domingo, 10 de julho de 2016

Confissão




   Enquanto teus braços grossos me envolvem, desenhando, com os dedos mesmo, minhas curvas, eu jazo. Teus lábios me beijam como se os meus fossem os únicos da tua vida. Minha respiração falha, perco minhas forças e entrego-me até a hora de partir. Permiti-me, em uma noite, que você fizesse parte da viagem, sem questionar se era esse teu desejo. Depois dali, você me fez beijar com os olhos e sentir calor, mesmo batendo os queixos. 
   Apaixono-me, a cada encontro, pelo teu caos, pelo teu exagero, pela guerra dentro de si e pela visão de mundo. Ao encarar-me, sinto-me baleada, desarmada, atordoada. Teu corpo quente serve de escudo para os meus medos e nossas conversas são terapias para meus sentimentos. Saiba que minha aurora é você, que seu desgasto não me desgasta, que é meu remédio contra ansiedade. Não se prive disso, por favor.
   Desculpa-me se te chamo logo no dia seguinte. Teu cheiro desaparece das minhas roupas e eu sinto falta dele até cair no sono. Por favor, não me julgue pela coragem de estampar nas palavras o que eu guardo dentro da confusão do meu estômago. Fica do meu lado, não muda de barco. 
   Certas vezes, você me confrontou sobre a existência de outro rapaz na minha vida. Tive vontade de gargalhar, tamanho absurdo que ouvi. Tentei, confesso, ter outra presença, mas falhei. Tu já havias me entrelaçado, me encurralado, me machucado o suficiente para me permitir ficar.    
   Meu bem, estou ocupada sendo sua para me apaixonar por outra pessoa.